terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Oficina - Letramento e leitura da literatura 2

Oficina - Letramento e leitura da literatura

1- ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR

Ainda é possível, no mundo de hoje, que as pessoas possam ter interesse pelos contos da tradição oral. Os contos têm um significado profundo para a mente infantil, pois sabemos que as histórias de fadas, príncipes e princesas, bruxas, magos, madrastas, duendes e animais que voam, falam etc, exercem um fascínio nas crianças. Muitas vezes, nós mesmos, adultos, sentimos esse encantamento que os contos oferecem e nem sempre sabemos explicar o porquê.

Aliando essas preocupações com a emergência dos múltiplos valores que a literatura infantil encerra, é importante revitalizar a capacidade de fabular, mergulhar na atmosfera do fantasioso, para melhor compreender as próprias lembranças de histórias contadas, ouvidas e lidas em nossa infância. Sobretudo por acreditarmos que, recuperando o passado, compreendendo-o, é possível escrever uma outra história, mais conscientemente vivida e pensada.

Assim, articulando expressão oral e escrita poderemos perceber que o desenvolvimento da linguagem escrita na criança está na dependência direta da maior ou menor presença, em sua vida cotidiana, de práticas de leitura e escrita, e também dos modos de inserção dessa criança nas práticas discursivas orais.

Nesta oficina, vamos nos centrar na literatura e, mais especificamente, nas narrativas da tradição, pois sabemos que, na relação adulto/criança, é grande a força do jogo de contar histórias, especialmente as histórias oriundas da tradição originalmente oral, já que estão presentes na vida cotidiana das crianças, seja em relatos feitos pela família, seja em relatos feitos por professoras, a partir da entrada na Educação Infantil.
Essa narrativas populares nos ajudam a compreender que tipo de sociedade nós queremos, o tipo de cidadão que queremos formar nas futuras gerações. Bem trabalhados em todos os seus aspectos, essas narrativas fantásticas podem exercer o
seu fascínio tanto na mente das crianças quanto na dos adultos, concorrendo assim, com meios de comunicação mais modernos e sofisticados.

2- Objetivos:

· Realizar atividades capazes de promover a estreita articulação entre expressão oral e escrita.
· Desenvolver atividades voltadas para a cultura dos vários povos.
· Desenvolver a oralidade, a criatividade e a imaginação.
· Aumentar o nível de letramento por meio de leituras prazerosas.
· Melhorar significativamente a oralidade dos alunos.
· Resgatar o mundo dos avós.
· Criar oportunidades de (re) simbolizar um tempo aparentemente esquecido na memória.
· Realizar atividades voltadas para a intertextualidade.
· Criar situações voltadas para a dramatização e pequenos teatros.
· Desenvolver dinâmicas voltadas para a contextualização de questões sociais, econômicas e culturais contemporâneas.
· Despertar o gosto pela leitura.
· Desenvolver atitudes e disposições favoráveis à leitura.
· Identificar diferente gêneros textuais.
· Antecipar conteúdos de textos a serem lidos, a partir do suporte, do gênero, da contextualização e de conhecimentos prévios sobre o tema.
· Trabalhar alguns gêneros textuais como a perigrafia, o resumo e a resenha descritiva e explorar o suporte textual.
· Relacionar o texto que está sendo lido a outros textos, orais e escritos.
· Identificar a presença de diferentes enunciadores nos textos lidos, identificando as marcas linguísticas que sinalizam suas vozes.
· Desenvolver habilidades voltadas para leitura de imagens.
· Estabelecer semelhanças e diferenças entre os gêneros textuais estudados, principalmente no que se refere aos contos, fábulas .
· Rever e discutir os valores éticos a partir de fábulas, dos contos de fadas, dos contos maravilhosos, dos contos populares.
· Criar situações em que essa literatura possa contribuir para a abertura de um canal profundo de diálogo, visando a consequente emancipação da personalidade dessas crianças, proporcionando-lhes conhecer melhor seus próprios sentimentos e impulsos, e na medida em que se desenvolvem como pessoas, trabalhá-los.

3- Tempo previsto: 20 horas

4- Material necessário
· Conto “Um avô e seu neto” – Roseana Murray
· Fábulas: A cigarra e a Formiga de La Fontaine
A cigarra e as formigas: I – A formiga boa e II – A formiga má de Monteiro Lobato
· apólogos, parábolas, mitos, lendas, sagas, contos jocosos,
· Contos de fadas : A Bela Adormecida, A Bela e a Fera, Rapunzel, Cinderela, Branca de Neve, entre outros.
· Contos Maravilhosos: O gato de Botas, Os três porquinhos, Aladim e a lâmpada maravilhosa, alguns contos de As mil e uma noites, as várias versões de Chapeuzinho Vermelho
Capuchino Vermelho – Charles Perrault
Chapeuzinho Vermelho – irmãos Grimm
Chapeuzinho Vermelho de Raiva – Mário Prata
Chapeuzinho Amarelo – Chico Buarque (editado pela José Olympio)
Fita Verde no cabelo – Guimarães Rosa ( editado pela Nova Fronteira)
Lobo bobo – Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra ( música dos anos 60 de 1960, cantada por João Gilberto)
· Contos populares: A Velha Totonha, de José Lins do Rego; Tio Barnabé e Tia Nastácia, de Monteiro Lobato
· Obras de autores como Figueiredo Pimentel, Ruth Rocha, Ricardo Azevedo, Joel Rufino dos Santos
· Roteiro de entrevista
· Fantoches, teatro de bonecos, figurino típico
· Almofadas, colchonetes
· CD e DVD
· Aparelho de som
· Retroprojetor – lâminas ou data show
· Sala de informática

5- Informação – para aprender mais

O primeiro passo é preparar toda a escola para trabalhar com atividades que despertem no aluno o gosto pela leitura, cujo tema é “Quem conta um conto aumenta um ponto... ou diminui... ou altera”. O professor começa explicando aos alunos : “tomando-se ao pé da letra este ditado, descortina-se o mundo dos contos populares. Contos que, como a própria denominação diz, foram criados e narrados pelo povo, nasceram da oralidade ( da boca) e do espírito inventivo de muitos. Não se pode atribuir a eles um único autor ,mas vários que, com suas ideias, contribuíram para alargar o campo da literatura oral. Começamos esse trabalho pelo processo de criação do conto popular”.

O ambiente da biblioteca deve ser preparado de forma agradável e prazeroso, com almofadas e colchonetes, os alunos podem ficar à vontade para ouvir histórias.

O professor começa contando uma história: “ Há muitos anos, ainda quando a vida amanhecia no planeta, o homem já contava histórias ( narrava). Primeiro falava de seu cotidiano: seus hábitos e seus revezes. Depois de um determinado momento, sentiu a necessidade de dar conta de acontecimentos que escapavam a seu entendimento racional. Precisava encontrar explicações tanto para fenômenos da natureza quanto para o fato de ser quem era e de estar onde estava.

Assim concebeu então, um conto maravilhoso que, com seus elementos mágicos, explicava o que a razão desconhecia. Não se sabe precisar se esse costume de contar histórias se instituiu como prática social, porém, pode-se afirmar que é bem antigo e de ordem universal, ocorrendo, portanto, em todas as civilizações, como vem sendo comprovado por diferentes estudos etnográficos ( explicar o termo).

Nas comunidade populares, esses contos eram e são, mesmo hoje, narrados normalmente à noite, depois do trabalho ou durante atividades de ritmo lento, como a pesca e a confecção de renda, não só para relaxar e divertir, mas também para fazer as pessoas refletirem sobre suas vidas pessoais e o contexto social em que estão inseridas.”

Explicar para os alunos que há fórmulas de frases e expressões que se repetem em contos diferentes nas diversas sociedades, ao longo do tempo. Como por exemplo, “era uma vez” os seus equivalentes no início das histórias, e da frase “viveram felizes para sempre” no final.

Por motivos, entendem-se temas, episódios, que transitam, com variações, porversões de um mesmo conto ou por contos diferentes ( intertextualidade/relação entre os textos), como por exemplo, a história de “João e Maria”. O motivo de seu abandono tem feições distintas: os pais não têm dinheiro para alimentá-los e decidem deixá-los à mercê da sorte, ou da madrasta, por ciúmes, convence o pai a abandoná-los ( trabalhar a contextualização/ realidade dos alunos / vida/ mundo).

Criar um momento para que os alunos possam ler “Joãozinho e Maria”.

Após a leitura, fazer uma mesa redonda para falarem sobre a obra, trazendo
para o mundo contemporâneo a história.
1- Atividades : ouvir, contar e ler histórias: um prazer, uma aventura, um desafio à lembrança.
Os alunos deverão fazer uma entrevista com os avós sobre as histórias, procurando recordar um mundo antigo que quase não cabe mais nesse nosso mundo (rios azuis, ruas de barro, chapéus, cavalos, lampiões, brincadeiras – balança caixão, cantinho, amarelinha, pedaço de fita, pique-esconde, cabra-cega etc). Trazer alguns avós à escola para contar histórias que eles guardam lá no fundo deles mesmos, a poeira encantada de outros tempos.

Em um outro momento, na biblioteca, todos à vontade, será introduzido o Conto “Um avô e seu neto”. Nele vemos valorizada a memória, que tem a figura do neto, o compromisso com a valorização da sabedoria enraizada pelos inúmeros sujeitos ao longo da história.

Neste momento, o professor deverá contar a história com emoção e prazer, mergulhar profundamente nos personagens, envolvendo os alunos, fascinando e enchendo-os de encantamento.

2- Serão trabalhados contos de fadas e contos maravilhosos Com o auxílio do retroprojetor ou data show, o professor irá explicar para os alunos a diferença entre contos fantásticos e contos de fadas.

Os contos maravilhosos vêm atravessando os tempos, são identificados como formas distintas, em virtude de duas atitudes humanas por elas expressas: a luta do eu, empenhado em sua realização interior profunda, no plano existencial, ou em sua realização exterior, no plano social.

No conto maravilhoso são evidenciados questionamentos econômicos e sociais, isto é, os problemas da sobrevivência em nível socioeconômico, ou problemas ligados à vida prática, concreta, cotidiana.

Essas narrativas sem a presença de fadas – ainda que delas não se excluam elementos mágicos maravilhosos – enfatizam aspectos materiais, sensoriais e éticos do ser humano: suas necessidades básicas (estômago, sexo e vontade de poder), suas paixões eróticas.

Exemplos de contos maravilhosos:
O gato de Botas.
Os três porquinhos.
Aladim e a lâmpada maravilhosa.
Muitos dos contos de As mil e uma noites, entre outros.

No conto de fadas, transparece sempre a atitude mais voltada para a realização interior das personagens, no plano existencial. Melhor dizendo, são narrativas que tendo ou não a presença de fada apresentam em seu núcleo, a questão da realização essencial do herói ou da heroína, geralmente ligada a alguns ritos de passagem de uma idade para outra ou de um estado civil para o outro. Daí porque guardam marcas simbólicas da puberdade e do início da atividade sexual. Há sempre provas a serem vencidas para que o herói alcance sua realização pessoal ou existencial. Essa realização tanto pode se revelar no encontro verdadeiro eu, quanto na conquista da pessoa amada.

Exemplos de contos de fadas :
A bela Adormecida.
A Bela e a fera.
Rapunzel.
Cinderela.
Branca de neve, entre outros.

O professor deverá ter o cuidado de não domesticar os alunos com falsos moralismos.
Iniciar a trajetória de leitura com as versões originais dessas narrativas, passando por Perrault e pelos irmãos Grimm – sem nos esquecermos de Andersen, que escreveu belíssimos contos até a leitura de autores modernos e contemporâneos.

Trabalhar trabalhar os seguintes contos:
· Capuchino Vermelho – Charles Perrault
· Chapeuzinho Vermelho – irmãos Grimm
· Chapeuzinho Vermelho de raiva – Mário prata
· Chapeuzinho amarelo – Chico Buarque ( editado pela José Olímpio)
· Fita verde no cabelo – Guimarães Rosa ( editado pela nova Fronteira)
· Lobo Bobo – Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra ( música dos anos 60, cantada por João Gilberto).

Esses contos serão ouvidos, contados, lidos e feitas produções de texto, focalizando a relação entre os textos ( intertextualidade), bem como a contextualização, chamando a atenção que todo texto está vinculado aos problemas de sua época. É importante lembrar que de um lado há aqueles que tentam impor normas e os valores maniqueistas de uma classe dominante, de outro lado, há os que rompem essas normas e esses valores e propõem a autonomia do leitor. Os primeiros constituem um tipo de literatura que chamaríamos de conformista. Os outros configuram a literatura transgressora/ emancipacionista.
Também os contos fantásticos têm seu projeto ideológico, e cabe aos professore estarem bem informados dos tempos e lugares, bem como das circunstâncias em que foram recolhidos ou escritos. Da mesma forma, a linguagem utilizada nos contos revela, muitas vezes, o período histórico em que se situa o texto e, ainda, o modo como o autor incorpora ao seu texto, características da cultura do seu povo.

O professor poderá explorar :
· a presença de diferentes enunciadores nos textos lidos, identificando as marcas linguísticas que sinalizam suas vozes.
· distinguir fato de opinião.
· as relações que organizam o conteúdo dos textos: tempo, espaço, causa, finalidade, condição, oposição, conclusão, comparação, entre outras e criar situações para que o aluno se posicione criticamente diante de um texto, apresentando apreciações e valorações estéticas, políticas e ideológicas.

3- No terceiro momento, desenvolver o Cinema na Escola
Os alunos irão assistir todos os contos de fadas e contos maravilhosos acima citados. Serão promovidos debates regrados, produção de textos, ilustrações do filmes, recontar a história por meio de massinha e produção de vídeos para depois os alunos assistirem.

4- Será desenvolvido o “Festival do conto”.
Toda a escola estará desenvolvendo atividades voltadas para os contos estudados. Os contos clássicos recontados numa versão moderna. Criar novas histórias em que estejam presentes os mesmos personagens como Cinderela, os três porquinhos, o sete anões, Pinóquio. Histórias mudas, utilizar apenas gestos.

5- Contar histórias
Recontar ou criar contos ou textos dramáticos, atualizando a figura da bruxa e da fada, do lobo mau, Joãozinho e Maria, etc.

Fábulas
Aquecimento para o tema ( alunos em círculo)
O professor introduzirá a fábula, explicando aos alunos que esse gênero textual tem sua origem tão remota que é difícil fixá-la, mas que foi Esopo, no século VI a.C., na Grécia antiga, o responsável por introduzi-la na tradição escrita. Muitos séculos depois a escrita das fábulas foi retomada por diversos escritores do mundo inteiro, sendo que, no século XVII, coube ao acadêmico Francês La Fontaine, o redimensionamento e a renovação desse gênero tão antigo.

A fábula é uma narrativa curta, que apresenta, via de regra, uma moralidade ao final: essa moralidade, em última análise, é um provérbio, uma máxima reveladora de uma visão estática de mundo, que expressa o senso comum. De modo geral, as personagens são animais que assumem comportamento humano, revelando questões relacionadas às relações éticas, políticas ou questões de comportamentos.

A fábula é um gênero que se encontra em praticamente todas as culturas humanas e em todos os períodos históricos. Este caráter universal da fábula se deve, sem dúvida, à sua ligação muito íntima com a sabedoria popular. Ela serve para ilustrar um vício ou alguma virtude, e termina, invariavelmente, com uma lição moral.

Até hoje, quando terminamos de contar um caso ou algum acontecimento interessante ou curioso, é comum anunciarmos o final de nossa narrativa dizendo: “moral da história”...Pois é justamente a tradição das fábulas que nos vem esse hábito de querer buscar uma explicação ou uma causa para as coisas que acontecem em nossa vida ou na vida dos outros, ou tentar tirar delas, algum ensinamento útil, alguma lição.

A maioria das fábulas tem como personagens animais ou criaturas imaginárias ( criaturas fabulosas), que representam, de forma alegórica, os traços de caráter ( negativos e positivos) dos seres humanos. Os gregos chamavam a fábula de apólogo, e esta palavra também costuma ser usada para designar uma pequena narrativa que encerra uma lição moral. A palavras latina fábula deriva do verbo “fabulare”, “conversar, narrar”, o que mostra que a fábula tem sua origem na tradição oral – aliás, é da palavra fábula que vem o substantivo português fala, e o verbo falar.

É muito provável que as fábulas que chegaram até nós, por meio da escrita, tenham existido durante muito tempo como narrativas orais, o que faz esse gênero remontar a
estágios muito arcaicos da civilização humana. As fábulas devem ter sido usadas com objetivos claramente pedagógicos: a pequena narrativa exemplar serviria como instrumento de aprendizagem, fixação e memorização dos valores morais do grupo.

As fábulas proporcionam uma reflexão a respeito do próprio determinismo formulado acerca da sabedoria prática, questionando os padrões de comportamento e as relações de poder que transparecem nessas narrativas. Por esse motivo, numa pedagogia da leitura, quem trabalha com tal gênero de texto deve saber com clareza que questões colocar para o ouvinte ou leitor diante das fábulas. Pode-se, por exemplo, estabelecer um contraponto com textos mais contemporâneos ( intertextualidade) ou mesmo, estimular a produção de fábulas em que o comportamento das personagens seja alterado.

6- Vivência
Aproveitar os temas das fábulas para explorar os temas transversais.
Os alunos sentados em círculo. O professor poderá explicar-lhes que farão uma pesquisa sobre os grandes escritores de fábulas, lembrar que conhecer os autores ajudam a compreender a leitura de suas fábulas. Em seguida será aberta uma discussão a respeito do que descobriram. Como por exemplo: “Na história do Ocidente, houve grandes autores de fábulas. Na Grécia antiga, o mais famoso deles foi Esopo, que viveu entre os séculos VII e VI antes de Cristo. Diz a tradição que Esopo era um grande contador de histórias, mas que não deixou nenhuma fábula escrita. Seus apólogos foram registrados de forma literária mais tarde, por outros autores. O mais importante deles foi o romano Fedro (15 a.C. – 50 d.C.), que se declarava admirador e imitador de Esopo. Algumas fábulas de Fedro, que se tornaram extremamente conhecidas são “O lobo e o cordeiro” , “A raposa e o corvo”, “A raposa e os bois” e “A raposa e as uvas”. No século XVIII, na França, viveu o mais importante fabulista da era moderna, Jean de La Fontaine (1621 – 1695). Esse autor, além de compor suas próprias fábulas, também reescreveu em versos franceses muitas das fábulas antigas de Esopo e de Fedro. É dele a fábula mais conhecida de todo o Ocidente, “ A cigarra e a formiga”. Nas escolas dos países de língua francesa, as fábulas de La Fontaine são estudadas e aprendidas de cor pelas crianças, desde o início de sua escolarização. Como La Fontaine escreveu suas fábulas metrificados e rimados, elas são de difícil memorização.

Selecionar fábulas como:
· A cigarra e a Formiga – La Fontaine (versão)
· O lobo e o cordeiro/ A rã e os bois/ A raposa e as uvas/ A raposa e o cordeiro – Fedro
· Fábulas – Monteiro Lobato

Com o auxílio do retroprojetor, o professor apresentará aos alunos a Fábula “A cigarra e a formiga” de Monteiro Lobato – I – A formiga boa e II- A formiga má e em seguida a versão de La Fontaine. Explicar aos alunos que no texto I – A formiga boa, altera-se o determinismo do texto fonte, A cigarra e a formiga, na versão de La
Fontaine. Nessa última versão, a cigarra, que cantara durante todo o verão, pede emprestado à formiga “algum grão, qualquer bocado, até o tempo voltar”, mas, mesmo comprometendo-se a pagar-lhe o empréstimo com juros e sem mora, a formiga se nega a prestar-lhe qualquer auxílio.
Na versão II, Lobato se apoia no texto do autor francês, mas acentua o caráter perverso da formiga e ressalta toda a fragilidade, sofrimento e humildade da cigarra, com o claro intuito de que o leitor dela se apiede, e com ela se solidarize.

Os alunos irão ler as fábulas tradicionais e recontá-las para os colegas. Em seguida será lido o livro de Monteiro Lobato “Fábulas”, em que ele reconta em prosa brasileira moderna algumas fábulas antigas de Fedro, Esopo e La Fontaine, além de apresentar algumas de sua autoria. Esse é sem dúvida, um dos melhores livros que existe no Brasil para a abordagem do gênero fábula em sala de aula.

O professor irá reproduzir em sala de aula o ambiente do Sítio do Pica-pau Amarelo. Personagens vestidos tipicamente vão narrar a fábula do sítio, inserindo as animadas discussões que a fábula provoca no círculo de personagens que povoam o sítio como Dona Benta, que narra as fábulas, representa a voz da tradição, a opinião ponderada e refletida das pessoas já vividas. Tia Nastácia, representante da sabedoria popular, também se mostra bastante inclinada a aceitar a moral das fábulas. Pedrinho e Narizinho fazem comentários de acordo com seu espírito irrequieto de crianças curiosas e dispostas a aprender, enquanto a irreverente Emília tenta, a cada momento, contestar a lição de moral que a fábula encerra.

Após a apresentação, o professor deverá promover um debate regrado em torno de temas como a solidariedade, a injustiça social, a vaidade, a ganância, o espírito de vingança, o autoritarismo etc.

Pedir aos alunos que escolham uma fábula estudada e façam um intertexto ( paráfrase e paródia), transformando uma fábula em um conto. Depois de lidos e discutidos , fazer o varal de textos no corredor da escola para que todos possam lê-los.

Trazer para a sala de aula paródias de Jô Soares e Millôr Fernandes para o conhecimento dos alunos. Promover uma discussão desses gêneros textuais.

Outra proposta de trabalho será explorar a partir das fábulas outro gênero textual que são alguns provérbios populares. Explicar aos alunos que a moral de algumas fábulas muito conhecidas acabou se tornando provérbios nas línguas do Ocidente, muitas vezes até sem que a maioria das pessoas conheça a fábula original. É o caso, por exemplo, “quem desdenha quer comprar” ou “quem ama o feio bonito lhe parece”.

O primeiro, é a moral da fábula da raposa que, vendo as uvas muito bonitas, mas fora de seu alcance, acaba desistindo de apanhá-las, alegando que, na verdade, estão verdes. O segundo é a conclusão da história da águia que devora os filhotes da coruja – como a coruja tinha lhe dito que seus filhotes eram de uma beleza incomparável, a águia, ao encontrar num ninho, um punhado de criaturinhas muito feias, não hesitou em comê-las, porque aqueles jamais poderiam ser os filhotes lindos de sua comadre coruja. Aliás, é dessa mesma história que procede a nossa expressão “mãe coruja” ou “pai coruja”, para designar os pais que não veem defeitos nos próprios filhos.

Promover uma gincana na escola sobre os provérbios e em seguida produções de textos verbais e não verbais e confeccionado de um mural a respeito desse gênero textual.

Outra proposta de trabalho com as fábulas será a produção de um livro feito pelos alunos:
· Inicialmente o professor seleciona e apresenta várias fábulas, usando procedimentos didáticos diversos, como, por exemplo, o de pedir aos alunos que leiam uma fábula que ainda não conhecem, deem um título a ela, ou coloquem uma outra moral.
· O professor deve orientar a preparação de leituras em voz alta etc.
· Posteriormente, o professor pede a reescrita de algumas fábulas lidas, após ter garantido que os alunos as tenham memorizado. Se os alunos não conseguiram ler convencionalmente, o professor escreve uma das fábulas no quadro, enquanto eles contam uma das fábulas escolhidas.
· O professor pode propor nesse momento, a ilustração das fábulas para, depois, compilá-las em um livro a ser presenteado aos pais.
· O professor pode ainda, dar continuidade a esse projeto de trabalho, depois de estar seguro de que os alunos têm alguma intimidade com este gênero, sugerindo a criação de fábulas a partir da sugestão de um título como “O elefante e a formiga”, ou de alguma moral “Quem gasta pouco, pouco tem”.
· Será interessante que nesse processo de criação, fosse incentivado o trabalho em duplas de alunos, assim como o trabalho com algumas versões, antes de se chegar à versão final, que fará parte do livro de fábulas.
· O final desta oficina poderia ser a leitura de fábulas desse livro para os alunos de outras séries ou, para os pais, em uma noite de autógrafos.

INFORMÁTICA
Levar os alunos para o laboratório de informática para que possam pesquisar na internet: autores dos contos clássicos e fantásticos.
Pesquisar sobre lendas e crônicas.
Utilizar o editor de textos para produzir textos relacionados com as obras lidas.
Pesquisar letra de músicas e filmes que tenham relação os livros lidos.
Participar de fóruns que abordam os livros lidos e outros.
Pesquisa sobre as versões das fábulas.
Trocar e-mail entre colegas e professores ( comentários sobre leitura, livros, autores, filmes, pinturas, músicas, etc).

7- Planejamento coletivo – Educação física
Concomitantemente, o professor de educação física desenvolverá:
· o teatro de bonecos a partir das fábulas estudadas;
· o cinema na escola, filmes que tratam dessas histórias ( clássicos da literatura).
· festival do conto;
· concurso de provérbios.
· Propor atividade para explorar a magia do espelho na cultura popular, na literatura e na MPB, etc.

1. Reconhecer características e valores associados ao espelho em elementos e personagens de diferentes textos literários e de outras produções culturais.
2. Reconhecer a simbologia dos signos espelho, Eco e Narciso no mito Eco e Narciso no mito Eco e Narciso e em outros textos e manifestações culturais.
3. Relacionar narcisismo e psicopatologias de presença marcante na sociedade contemporânea, tais como bulimia, anorexia e toxicomanias diversas.
4. Usar o símbolo do espelho e/ou do mito de Eco e Narciso na produção coletiva de um texto poético, narrativo, dramático ( para encenação teatral) ou de um roteiro ( para filme de curta metragem).

PINTURA
Criar na escola momentos para que os alunos utilizam a pintura ou desenhos para expressarem o que leram.

ORIENTAÇÃO SEXUAL
O professor poderá usar esse assunto para trabalhar a oficina de orientação sexual, explorando a violência, gravidez precoce, alcoolismo e drogas entre jovens ao silenciamento ou banalização de mitos/ritos de iniciação na cultura contemporânea.

8- Avaliação
Portfólio, fichas avaliativas, observação, avaliação escrita, conversas, etc.

Referência: SEE/MG

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